Os Chafarizes e o abastecimento de água em Santa Inês

O Serviço de Água de Santa Inês já foi prestado à população através de chafarizes, obras de alvenaria, constituídas por um compartimento para acúmulo de água e outro para a distribuição de água por intermédio de torneiras. Eram adquiridos pelo poder público ou por concessão a particulares, com direito à exploração econômica por 30 anos. Nesse modelo de abastecimento a água não era tratada.

Em Santa Inês, nos tempos em que a escrita era “Santa Ignêz”, quem tomava conta dos chafarizes eram as mulheres: Laurinda Santana, encarregada do Chafariz do Reservatório, que trabalhava todos os dias, e pelo seu trabalho recebia CR$ 10,00 (dez cruzeiros); Joana Braz, Elza Marques, Maria de Lourdes Silva, Maria Miranda, Maria Conceição Silva, que recebiam CR$ 6,00 (seis cruzeiros) atendiam os chafarizes das ruas, e trabalhavam duas horas, dia sim, dia não. Os chafarizes eram fechados à chave, que ficava sob responsabilidade da encarregada.

Segundo D. Lourdes, uma antiga moradora da cidade, as meninas eram encarregadas de levar as latas até o chafariz do Reservatório. Ela e a irmã enfileiravam sete latas, e assim que iam enchendo uma delas descia com a lata para casa, enquanto a outra tomava conta, e assim iam se revezando até transportar todas elas.

Nos contam que em Santa Inês o pequeno riacho da Casca, que corre atrás da Avenida Átila Menezes, era o que possuía água doce, boa para banho e para lavar roupas, enquanto que o Rio Jiquiriçá tinha água salobra num trecho próximo à cidade, que o tornava impróprio para consumo doméstico.

D. Jane, outra moradora de Santa Inês nos conta que sua mãe era “lavadeira de ganho” no lajedo do chafariz. Recolhia a roupa suja na casa das famílias e transportavam em bacias ou gamelas até o lajedo, onde a roupa era lavada com água comprada no próprio chafariz, alvejada, engomada e estendida para secar ali mesmo nas cordas. Depois de seca era entregue nas residências.

Durante muito tempo os chafarizes fizeram parte das lutas populares por melhores condições de saneamento. Em jornais antigos são muitas as reivindicações dos populares pela instalação desse importante meio de fornecimento de água como mostra uma das imagens de 1878 do Nor

Outra moradora de Santa Inês, D. Lita, nos conta que na Praça central da cidade havia um chafariz com água sulfurosa, que as pessoas recolhiam em carotes (barris) de madeira, vindos até de Jequié, pois a água tratava doenças de pele e outras enfermidades, com efeitos medicinais semelhantes à água do Jorro – BA.

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