
Teinha nasceu numa manhã fria, o que não impediu dos raios de sol invadirem a casa. A parteira logo que a avistou disse a sua mãe: Essa menina é uma cigana! E assim ela cresceu, na crença e na energia dos povos do oriente.
Com traços indígenas fortes, suportou os fardo e farpas que a vida lhe deu. De família muito humilde cresceu entre os irmãos com muita dificuldade. Sua mãe criou ela e seus irmãos sozinha e aos 14 anos ela teve que sair de casa e lutar para sobreviver.
Em suas andanças, trazida por um irmão, após a morte de sua mãe, veio parar nossa cidade. Brejões nesse período da década de cinquenta tinha água com fartura no rio e muita produção de café. Isso possibilitaria emprego fácil para a cigana. Começou então sua história como lavadeira de roupas e panhadeira de café.
Logo conheceu o pai de seus filhos. Com ele, teve cinco filhos, mas os criou sozinha, maior parte do tempo.
Devota de Santa Barbara ascende sua vela semanalmente. Mesmo vestindo-se todos os dias como cigana, saias rodadas e laços de fita no Cabelo, ela não sabe ler mão, mas tem uma intuição forte e pressente tudo a sua volta.
Na frente da casa de Teinha fica o Bar da Cigana. Revestido de ladrinhos branco e vermelho tem uma placa com uma cigana na frente. Ali, além de bar com cachaças artesanais pode-se encontrar Teinha qualquer hora do dia e da noite rodeada por seus vizinhos, uns estando ali como clientes e outros em busca de um ombro amigo e conselhos da sabia cigana.
Ela carrega consigo a tradição do benzimento e reza a quem procura de mal olhado, espinhela caída e etc. Seu pandeiro está sempre fácil, atrás do balcão para caso de alguém chegar e dar ínicio ao samba, ritmo musical que ela tanto aprecia.
Teinha é múltipla, e quem a conhece sabe que sua principal característica é a força e a altivez, e sua delicadeza ela expressa em suas mãos que, além de utiliza-lás para buscar a sobrevivência dela e de seus filhos outrora, esfregando roupas nas pedras na beira do Rio Brejões e as calejando na panha de café, as usa até hoje para dar um tom mais poético em sua vida, através da arte de pintar e de tocar chulas no batuque do pandeiro.
Essa é Teinha, a cigana!